Com o confinamento devido à COVID-19 somos obrigados a passar mais tempo online, para socializar com os pares, com a família, para fazer as compras, para ter aulas, para ter reuniões de trabalho, para participar em eventos culturais, entre outros. O mundo digital passou a ser uma realidade muito presente nas nossas vidas, permitindo tornar mais próximo o que neste novo estar social está mais inacessível, a vivência presencial.
“Com o aumento da presença dos ecrãs, a tendência é para que aumentem os casos de cyberbullying” alerta Raquel Raimundo, presidente da Delegação Regional do Sul da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
É cada vez mais importante estarmos conscientes de que com o aumento da exposição dos jovens em diferentes plataformas e aplicações online, aumentam as oportunidades de situações de ameaças, assédio, situações de provocação de forma intencional e repetida.
Os adultos (pais, professores, entre outros) devem de estar muito cientes para as problemáticas ao nível da saúde mental que o cyberbullying provoca, mais concretamente para os danos provocados ao nível social e emocional, muito pelo facto de os conteúdos serem disseminados muito rapidamente, por serem impossíveis de remover e porque a vítima está exposta 24h por dia, 7 vezes por semana. Nesse sentido, o cyberbullying tem-se assumido como mais prejudicial, ao nível emocional, do que o bullying.
Sinais de alarme que se deve ter em conta, em relação ao comportamento dos jovens:
– Parar de usar suportes digitais, tais como computador, tablet, entre outros;
– Mostrar-se angustiado durante ou após a utilização do computador, tablet, telefone;
– Sempre que surge uma mensagem no telemóvel, apresentar sinais de nervosismo como dores de cabeça, estômago, entre outros;
– Fazer uma vida digital em segredo, não querendo que ninguém veja, minimizando “janelas” na presença de adultos;
– Pedir ajuda para eliminar contas ou bloquear determinado amigo;
– Mudanças de humor, sono ou apetite, sem motivo aparente;
– Recusar participar em situações de grupo ou assistir às aulas à distância.
Estratégias parentais para prevenir/lidar com filhos vítimas de cyberbullying
– Literacia Digital: é importante cada vez mais estarmos atualizados sobre o mundo digital. Termos conhecimento de algumas recomendações de segurança online que podemos e devemos passar aos nossos filhos, tais como: não abrir mensagens de destinatários que não se conhece, não divulgar passwords, fazer sempre log-out das contas, nunca fornecer dados pessoais a pessoas que não se conhece, abrir links ou consultar páginas que pareçam ser inseguras ou com conteúdo impróprio, entre outras medidas.
– Defina com o seu/sua filho/filha rotinas para o uso da internet. Devemos ter em atenção a utilização prolongada à internet especialmente durante a noite, uma vez que altera as rotinas do sono.
– Promova competências socio-emocionais no seu/sua filho/filha. Transmita valores como a gentiliza, a gratidão, a responsabilidade, o respeito e a importância destes valores para todas as pessoas. Promova a resiliência e a empatia, fazendo com que o seu seu/sua filho/filha se coloque no lugar do outro (ex: Como achas que a vítima se sente? Sabias que o não fazer nada é uma decisão que tu tomas de não ajudar? O que achas que levou o agressor a fazer o que fez?)
– Promova diálogos francos, frequentes, respeite a privacidade e a confiança. É importante que os jovens não se sintam controlados; se tem alguma dúvida relativamente ao mundo digital do seu filho pergunte e explique que é para os proteger. É importante que o seu/sua filho/filha sinta confiança em si para denunciar possíveis agressões que esteja a sofrer.
– Mantenha a calma e ofereça apoio e conforto, reforce que a culpa não é do seu/sua filho/filha e que irão encontrar uma solução.
– Guarde as provas que demonstram atos de cyberbullying e reporte o caso para quem pode resolver (escola, autoridades – PSP, GNR -, Proteção de Crianças e Jovens, entre outros).
Para pensar!
Que modelos queremos passar aos nossos/as filhos/as? Queremos ser um exemplo a seguir?
Sharenting é o termo usado para definir pais ou responsáveis que partilham conteúdos dos filhos em canais digitais de forma excessiva. É importante perceber que podemos estar a colocar, os nossos filhos em risco. O que publicamos digitalmente sobre os nossos filhos tem impacto no mundo real.

Deixamos-lhe informação útil, caso queira ler mais sobre o assunto:
https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/covid_19_cyberbullying_jovens.pdf